03/09/2014

O transtorno me excita...

Eu tenho um fraco por mentes em transtorno. 
Me excita a fragilidade que pode ser seduzida 
A fragilidade gosta de se vestir de carência 
E a carência gosta de se esconder no desespero...
Meus ouvidos se embriagam de promessas de nunca mais 
E a melancolia das palavras sussurra como provocações aos meus sentidos. 
Meus olhos se perdem nos abismos da introspecção quando as retinas se apagam e as pupilas dilatam interesse 
Os suspiros, o morder dos lábios, o torcer dos dedos...
Aqueles olhares a esmo, as mudanças repentinas do pescoço, a incansável busca por socorro no chão... 
O silêncio... Ah o silêncio... 
Eu quase posso ouvir o coração batendo os cacos enquanto vejo a veia pulsando na traqueia que engole cordas vocais emudecidas.
A tristeza me excita...
Eu não ofereço apoio, nem soluções, nem carinhos que não resolvem nada. 
O que ofereço é um escape...
Uma chance de sair dali e sentir a flor da pele o banal que excede aos sentimentos sublimes. 
Uma mente triste transforma o corpo...
Aquele vazio transbordando frustrações anestesia os sentidos antes do toque...
Os sentidos anestesiados suplicam por inspirações...
E as inspirações se fazem sentir com um absoluto prazer pouco degustado. 
Uma mente triste é o condimento secreto de um corpo com fome...
Eu gosto de alimentar estes corpos abandonados pelos impulsos positivos do pensar.
E gosto de me alimentar deles...
Gosto de usar o contraste como ferramenta para consertar o que já funciona perfeitamente.
Toques suaves com as mãos grossas...
Beijos gentis de uma língua venenosa...
Sorrisos discretos de mordidas invisíveis...
Movimentos macios da força controlada...
Fome...
Sede...
Eu tenho um fraco por mentes em transtorno 
Eu tenho um fraco por corpos abandonados.

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