16/01/2014

Sereia...

Por um tempo, eu até gostava das mulheres mais evidentes em suas vontades.
Mas isso oferecia muita facilidade...
Perdi um pouco do interesse por mulheres oferecidas!
Hoje o meu “apetite” é mais aguçado, mais vaidoso.
Gosto daquelas mulheres que exigem um olhar mais atento.
Aquelas que direcionam seu interesse sem deixarem tudo claro.
Aquelas que entram no jogo da conquista mais deliciosa possível.
Aquelas que poucos sabem ver!
Ela, sentada na praia, parecia estar só curtindo um fim de tarde.
O mar mandava ondas cada vez mais aventureiras e elas quase tocavam os pés descalços daquela maravilha sentadinha ali.
Abraçava os próprios joelhos como quem espera alguma coisa.
Os cabelos iam e vinham com o vento.
E no olhar...
Havia ambiguidade naquele olhar
Uns poderiam dizer que ela estava olhando o mar e as pessoas que passavam
Outros, como eu, poderiam ter certeza que ela estava escolhendo... esperando...
Eu parei, sentei e tirei meu caderno da mochila.
Comecei a escrever algumas linhas e vez ou outra olhava na direção dela.
Aquele tipo de olhar que diz que está admirando, mas que não evidencia.
O tipo de olhar que certamente a faria compreender que ela era a inspiração da minha escrita.
Ao mesmo tempo em que ela demonstrava uma seriedade que afastaria qualquer interessado, de um modo bem sutil ela também oferecia uma reciprocidade cativante.
Era quase impossível não ir falar com ela... mas ela não queria falar... nem ouvir.
O que ela queria mesmo era ser conquistada a distancia!
Aquela era o tipo de mulher que só tem quem merece, não quem tenta convencer!
E apesar de eu adorar uma propaganda, gosto ainda mais da sutileza.
Ficamos ali por alguns minutos...
Alguns olhares, algumas linhas... os pés dela já estavam quase se afogando nas ondas e eu sabia que faltava pouco pra ela se levantar.
Deixei evidente a expressão de quem não sabe como concluir o que se escreve e olhei pra ela fazendo meus olhos perguntarem como aquilo terminaria.
Ela deu um sorriso curto, mas convincente.
Eu sabia...
Ela sabia...
Conexões assim não se explicam.
O querer é certo, mas cada um deixava transparecer um tipo diferente de sensação
Ela demonstrava silenciosamente estar jogando
Eu escancaradamente demonstrava duvidar
Sabíamos, mas o equilíbrio surge de diferenças assim!
Coloquei o lápis no meio do caderno e olhei querendo saber se ela tinha um final pra me oferecer
Ela pegou os chinelos nas mãos, levantou-se e olhou oferecendo a possibilidade discreta da conclusão.
Qualquer outro se levantaria de imediato e iria atrás dela... mas eu não.
Eu sabia que ela iria comprovar a minha capacidade de jogar
Sabia que ela ia dar uns passos... olhar pra trás e me chamar
Ela caminhou... olhou... e me chamou.
Então eu fui.
Ela chegou ao calçadão, bateu os chinelos no chão e os calçou
Checou o trânsito antes de atravessar e aproveitou para me localizar
Cruzou a rua, passou por um quiosque cheio de turistas, olhou mais uma vez para indicar o caminho certo e seguiu para o corredor lateral de uma loja de equipamentos aquáticos.
Eu sabia que nos fundos da loja havia outro quiosque. Um quiosque abandonado.
Não fui pelo mesmo caminho que ela, dei a volta pra manter o suspense, mas medi os passos para chegar lá antes dela.
Ela sabia que eu ia fazer isso... claro que sabia.
Cheguei e coloquei a mochila no balcão.
Ela chegou, passou uma mecha de cabelo por detrás da orelha e deu um sorriso de confirmação.
Nem parou, passou direto pelo quiosque.
Ela ia voltar...
Não foi muito longe, abriu o porta malas de um carro e guardou a bolsa.
Eu fiquei olhando... agora já com toda evidencia possível.
Ela voltou... claro que voltaria.
Entro no quiosque e subi no balcão.
Ficou lá sentada me encarando... seus olhos me chamavam.
Eu curti o momento...
Eu fui...
No beijo eu não disse meu nome, nem meu endereço
Mas disse quem eu sou e onde estava
Fomos um momento!
Tudo parecia tão... “poético”...
Até o sangue ferver!
Por que eu gosto das discretas?
Porque discreta não quer dizer apática!
Ela foi sensacional...
Soube usar o corpo todo...
As mãos me beijavam, a boca me tocava, me mordia...
Ela não se movia simplesmente... ela dançava
Parecíamos em transe... transando!
Aquela conexão dos olhares tornou-se detalhe diante de como nos entendemos...
Ela respondia meus toques com movimento...
Respondia meu movimento com gemidos...
E quanto mais gemia... mais eu a tocava... mas ela se movia... mais ela gemia... mais eu tocava...
Usou as pernas num abraço forte na minha cintura...
Eu adorei... gosto quando elas apertam... por dentro e por fora.
Ofereceu aquele pescoço lindo pra eu cheirar... beijar... morder...
O corpo quente...
Ela transpirava deslizando no balcão... nos meus braços... no meu corpo.
Não sei como dizer mais do tanto que fizemos.
Às vezes o sexo se converte em arte e a arte é singular demais para ser expressada simplesmente.
O máximo que me resta dizer é que aquela discreta mulher foi sublime!
E vez ou outra volto aquela praia...
Rabisco algumas palavras no meu caderno...
E espero que ela venha me oferecer mais uma deliciosa conclusão.

“Ela é daquele tipo de mulher que só diz que quer quando você já sabe que ela quer e ela sabe que você sabe.
Ela é discreta nas suas vontades...
Delicada nos seus desejos...
Tímida nas suas expressões...
Mas quando ela diz, quando ela sabe que você sabe...
Suas vontades e seus desejos causam expressões deliciosas de se assistir!
Ela é daquele tipo de mulher que você precisa agradecer por poder provar.
Não por ela ser bonita, interessante e sensual
Mas por ela ser uma total entrega se for conquistada!

São poucas as pessoas que se entregam realmente ao que fazem.
No sexo, as mulheres se entregam menos que os homens.
Homens são mais ligados ao lado animal... sofrem mais influências da sociedade que insiste em dizer que homem só pensa em sexo.
Mulheres não, elas são mais ligadas ao sentimento do que ao sentido.
Já se o sentimento que elas desejam sentir seja o do próprio sentir... agradeça.
Estas são extraordinárias na cama!

Ela é assim, discretamente declaradamente extraordinária!
Ela se comunica com os olhos...
Com sorrisos...
Com gestos sutis.
Gosta de indicar a direção, mas quer ver a atitude.
Gosta de ver interesse!
Para onde vamos agora?”

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